Ruy Barbosa
Mandamentos do Advogado
Legalidade e liberdade são as tábuas da vocação do advogado.
Nelas se encerra, para êle, a síntese de todos os mandamentos.
Não desertar a justiça, nem cortejá-la.
Não lhe faltar com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho.
Não transfugir da legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia.
Não antepor os poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes contra aqueles.
Não servir sem independência à justiça, nem quebrar da verdade ante o poder.
Não colaborar em perseguições ou atentados, nem pleitear pela iniqüidade ou imoralidade.
Não se subtrair à defesa das causas impopulares, nem às das perigosas, quando justas.
Onde fôr apurável um grão, que seja, de verdadeiro direito, não regatear ao atribulado o consôlo do amparo judicial.
Não proceder, nas consultas, senão com a imparcialidade real do juiz nas sentenças.
Não fazer da banca balcão, ou da ciência mercatura.
Não ser baixo com os grandes, nem arrogante com os miseráveis.
Servir aos opulentos com altivez e aos indigentes com caridade.
Amar a pátria, estremecer o próximo, guardar fé em Deus, na verdade e no bem.
Ruy Barbosa
De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer as injustiças,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto.*
"Sinto
vergonha de mim"*
Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter
batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar
pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho
da
desonra.
Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela
democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e
abominavelmente a derrota das
virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a
negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada
preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em
caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a
tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos
criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre
‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos que não quero percorrer…
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas
desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu
chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o
meu suor, ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de
nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto
ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos
maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter
vergonha de ser honesto."
* Texto que circulou na internet no ano de 2011. Não foi possível confirmar a
autoria. Se alguém souber, favor entrar em contato. Obrigado!
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